(por que no Brasil tudo vira limão, laranja, uva e morango?)
Você já percebeu que, no Brasil, todo refresco em pó parece sofrer de uma crise existencial? Nos Estados Unidos, o Kool-Aid tem 50 sabores, incluindo coisas que parecem ter sido inventadas por um químico surtado depois de cheirar muito açúcar: Blue Raspberry, Sharkleberry Fin, Tropical Punch, Uva Nuclear Radioativa Neon 3000, e por aí vai.
Aí você olha pro Brasil e encontra… o quê?
Limão. Laranja. Uva. Morango.
O santo quarteto sagrado que reina desde a época em que TV era de tubo e Ki-Suco era servido em copo de vidro que nunca mais saiu da cozinha da sua avó.
![]() |
| Olha o esculacho de sabores do Ki-Suco gringo. |
E por que isso?
Bom, porque a indústria sabe que, se lançar um “Morango Cósmico com Poeira Estelar”, o brasileiro médio vai olhar pra embalagem, franzir o nariz e mandar um:
“Hmmm… acho que vou de laranja mesmo.”
A verdade é dura:
Nós somos um país que tem medo de sabor.
Só ousamos quando o sabor vem em pizza e olhe lá.
Enquanto isso, lá fora, o pessoal compra Kool-Aid como se fosse Pokémon: tem que colecionar todos os sabores, inclusive os que parecem ser feitos para extraterrestres. E dá certo. Porque eles testam. Eles arriscam.
Aqui não.
Aqui, se o fabricante inventar um sabor novo e ele não vender nos primeiros 15 minutos, a indústria entra em pânico e cancela o produto como se fosse novela com baixa audiência. Já mostramos aqui o caso do Detergente Ypê Guaraná.
Resultado:
Nós ficamos presos no eterno déjà-vu dos mesmos quatro sabores de sempre. Quase uma tradição nacional, só que ninguém pediu. Vá lá que o Ki-Suco lançou até sabores como Salada de Frutas, mas duvido que vá durar muito tempo.
![]() |
| Ki-Suco Salada de Frutas, aparentemente o mais fora da curva no quesito sabores. |
Então, da próxima vez que você abrir uma caixa de refresco em pó e ver lá, piscando pra você:
“Sabor: Morango.”
Lembre-se: isso não é falta de criatividade.
É trauma coletivo.
É a indústria dizendo: “Eu até tentaria te vender algo diferente… mas eu sei com quem eu tô lidando.”
E, sinceramente?
No fundo, ela não tá errada.


Nenhum comentário:
Postar um comentário