segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Begotten

Um filme considerado do gênero terror/sobrenatural que é bastante comentado pelas redes sociais é o Begotten.
Primeiramente achei que seria uma coisa totalmente assustadora. Esse foi meu primeiro impacto do filme, com o desenrolar da história, leia-se: após minha mente ter se acomodado com aqueles seres de movimentos bizarros, vou contar, no decorrer deste texto, o que eu achei.

Tomei conhecimento do tal Begotten através do YouTube, aliás, lá tem inúmeros vídeos de reviews desse filme de pessoas mais especializadas. Mas resolvi escrever aqui por que eu sempre tenho uma visão diferente das coisas (ou pelo menos acho isso).
Aliás (outra vez) essa foi a motivação de abrir esse tópico de cinema aqui no blog, lembrando que aqui tem spoiler.

Enfim, sem mais delongas, o filme de 1991 do diretor E. Elias Merhige começa com uma reflexão sobre tempo e pessoas cuja profissão é relacionada com registrar fatos.
Portadores de linguagem*, Fotógrafos, Cronistas** 
Vocês com suas memórias estão mortos, congelados
Perdidos em um presente que nunca para de passar
Aqui vive o encantamento da matéria
Uma linguagem para sempre.


E então (realmente) começa o filme...

O cenário é estranho, atormentador e a filmagem totalmente em preto e branco contribui para isso, por que não há como distinguir alguns objetos, silhuetas, profundidades.

A trilha sonora do filme contribui para torná-lo mais insólito ainda, ao fundo sempre malditos grilos permanentemente cricrilando. Aí então eu já comecei a ficar puto, mas continuei a assistir.

Os personagens "humanos" abusam de expressões faciais e movem-se parecendo que estão tendo uma ataque epiléptico ou de convulsão misturado com Doença de Parkinson.
Começa um ser esquisito, cuspindo um fluido negro - e isto é recorrente nesse filme - e depois uma automutilação. Particularmente o que mais me incomoda é a textura do que ele retira do seu corpo, realmente é muito bem feito e assustador! Me parece que ele morre, então entra outra personagem em cena, uma mulher.


O amor é lindo

Quase todo filme que se preze tem a sua cena de romance ou o par romântico. Mas quando falamos de Begotten, pode imaginar as coisas mais bizarras e nojentas que você tenha em mente que já viu em um filme. Multiplique por 10, que não dará nem a metade da cena que que rolou.
Desenrola-se aí uma das cenas mais loucas que eu já vi em um filme:
Não sei se a sequência aconteceu de verdade, mas após o encontro de uma mulher totalmente esquisita com o ser que estava se auto mutilando. Ela aproveita o caboclo lá deitado (na minha opinião, já estava morto), e começa a manusear a minhoca do mesmo. Rola uma cabeçada no céu da boca surreal em seguida de descabelamento de palhaço.
Daí, corta para a cena onde cai aquele famoso liquido leitoso no ventre da mulher (na verdade estava com uma consistência bem estranha, mas considerando que eles são seres de outra dimensão, provavelmente é normal).
Ela começa a se lambuzar com aquilo e desce com a mão até a sua barata peluda (e bota peluda nisso), passa aquilo na cabeleira e, por fim, introduz lá e depois todo mundo sabe o que acontece...
Notei que é daí então a sacada do filme: Begotten significa "Gerado". O Diretor foi um cara genial, convenhamos!
E é a esse ser gerado de uma forma bastante original que o resto do enredo do filme se volta, assim que nasce, a mãe desnaturada o abandona numa espécie de lixão. Ele se contorce mais que um gato com dor de barriga e faz os mais perturbadores movimentos e sons. Aparecem outros personagens encapuzados andarilhos que puxam e repuxam o dito-cujo e fazem-no de gato e sapato. A partir daqui eu comecei a ficar puto com o filme e os movimentos mais repetitivos que convulsivos do Begotten e dos encapuzados. Me encheu o saco e deu mais sono do que apavorou.
E os grilos continuavam a cricrilar...
O Begotten cresceu, caiu no mundo, tomou-lhe uma bela pedrada, foi esculachado, bolinado, cuckado e foi feliz para sempre (só que não).
E os grilos cricrilando deram lugar a passarinhos trinando. Flores murchas a plantas germinando.

Faz biquinho po pai...
ODIIIIIIIIIIIIIIIIIIN!!!


E então...

Na minha opinião, é um filme que passa muito longe de ensinar lição alguma a alguém, é um filme apenas para ser visto. Cabe, sim, alguma reflexão sobre vida, morte e origem das coisas quando o nome dos personagens são revelados bem no final. Muita gente o achou um filme assustador; pra falar a verdade, achei bem estranho de início, mas depois com minha cabeça de doido, comecei a fazer graça. Tanto que a matéria aqui tem um tom cômico. Para mim, o mais interessante foi o empenho do elenco, que se submeteu a se espojar em lama, água parada, dentre outras porcarias.
Enfim, como eu falei, é um filme feito para ser visto e ficar impactado com a performance dos atores, sons, movimentos, sombras. Em mim deu mais sono que outra coisa, mas vale a pena ver pela estética diferente que ele traz.




Imagem relacionada
Balança, caixão! Balança, caixão!


Notas de rodapé
* Language bearers, pode significar aqueles que sustentam/abarcam uma linguagem.
** Diary makers, entendi que significa alguém que relata através da escrita. Quem faz isto é o cronista. Mas a tradução também pode significar escritores de diário, agenda ou até mesmo jornalistas.

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